Medo, raiva, tristeza, ansiedade, depressão… esses são alguns dos sintomas que profissionais de saúde na linha de frente do combate ao coronavírus podem sentir nesse momento.
A enfermeira Ingrid Reny Ribaldo já trabalhava no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, há mais de 10 anos quando a pandemia começou. Ela percebeu bem rápido que não ia ser fácil manter a cabeça no lugar. Ingrid foi transferida de setor, passou para a linha de frente sem se sentir preparada e ficou longe da família.
Ela percebeu que precisava procurar ajuda. Aumentou a frequência da psicoterapia, pediu ajuda ao Conselho de Enfermagem e conseguiu enfrentar a primeira onda da pandemia. Mas o estresse, a baixa remuneração e a falta de reconhecimento entraram na balança quando Ingrid resolveu pedir demissão em novembro, já no final da primeira onda.
A enfermeira descobriu que chegar ao limite não foi exclusividade, e viu colegas em situação ainda pior.
Foi para tentar ajudar em situações limites como a vivida por Ingrid que pesquisadores da Escola de Enfermagem da USP de Ribeirão Preto criaram uma espécie de cartilha de primeiros socorros em saúde mental.
A ideia surgiu para atender profissionais de saúde, mas o livro foi elaborado para ser compreendido por pessoas comuns.
Textos simples trazem dicas de como perceber crises, aponta os cuidados que devem ser tomados de imediato e estimula a busca por ajuda especializada. Quem explica é a professora da Faculdade de Enfermagem e uma das responsáveis pelo desenvolvimento do livro, Kelly Graziani Vedana.
A cartilha, batizada como “Promoção da Saúde Mental em Pandemias e Situações de Desastre", está disponível para consultas no site da USP.
Foto e conteúdo: EBC Serviços